Arte moderna no Brasil
Anita Malfatti foi um dos nomes responsáveis por repensar a arte
no Brasil. Porém, antes do reconhecimento, foi alvo de críticas extremamente
negativas. Com o aprendizado e inspiração obtidos a partir dos estudos
realizados na Alemanha e EUA, trouxe para o Brasil a tão temida arte moderna.
Em 1917, nas sua primeira grande exposição individual, nomeada como Exposição de Pintura Moderna Anita Malfatti,
recebeu ataques ferozes de Monteiro Lobato. Em artigo publicado no Estadinho, o escritor se
delicia rebaixando a nova escola, conforme mostra Marcos Augusto Gonçalves em
seu 1922 – A semana que não terminou:
O artigo começa por distinguir duas espécies de artistas: os que
‘veem normalmente as coisas’ e os que ‘veem anormalmente a natureza e a
interpretam à luz de teorias efêmeras, sob a sugestão estrábica de escolas
rebeldes’. Estes últimos seriam típicos dos períodos de decadência, ‘frutos de
fim de estação, bichados ao nascedoiro’. (GONÇALVES, 2012, p. 107)
Se pararmos para pensar, um ataque desses se encaixaria perfeitamente aos ataques atuais, mudando o termo ‘arte moderna’ por ‘arte contemporânea’. Tento procurar alguma diferença, mas ao comparar o início do séc. XX com o atual, só encontro semelhanças. A ver: Por volta dos anos 1900, a Europa falava em futurismo e começava a conhecer grandes mestres como Van Gogh e Munch. Nos EUA, Duchamp e Edward Hopper principiavam seus nomes. Já no Brasil, os artistas que ainda eram consagrados eram Pedro Américo e Almeida Jr., sendo este considerado por Lobato o grande inventor da pintura nacional. A arte acadêmica era considerada superior e movimentos como cubismo, por exemplo, serviam apenas para caricatura. Futurismo, cubismo, impressionismo e tutti quanti não passam de outros tantos ramos de arte caricatural, exclamava Lobato. Inclusive o termo ‘impressionismo’ era utilizado a esmo, mesmo quando o movimento comentado se tratava d’outro, mostrando desinformação e desinteresse dos críticos. Diz Anita Malfatti, em depoimento à revista Salão de Maio, em 1939, que, ao retornar da Alemanha para o Brasil, “ninguém em sua casa queria saber de Van Gogh, Cézanne ou Kandinsky. Só perguntavam pela Mona Lisa e pelas glórias do Renascimento italiano” (GONÇALVES, 2012, p. 75). No século XXI, a famosa frase em exposições é “até eu faria isso”, e a nostalgia é grande quando comparam arte moderna e contemporânea com renascimento e declaram haver algum problema com a arte atual, reclamando dos artistas e suas obras, como Voltaire Schilling e seu discurso careta e sem estrutura, por volta de 2009. Formadores de opinião, os críticos levam as massas consigo e criam um exército de nostálgicos, incapazes de entender e apreciar seu estado presente.
Se pararmos para pensar, um ataque desses se encaixaria perfeitamente aos ataques atuais, mudando o termo ‘arte moderna’ por ‘arte contemporânea’. Tento procurar alguma diferença, mas ao comparar o início do séc. XX com o atual, só encontro semelhanças. A ver: Por volta dos anos 1900, a Europa falava em futurismo e começava a conhecer grandes mestres como Van Gogh e Munch. Nos EUA, Duchamp e Edward Hopper principiavam seus nomes. Já no Brasil, os artistas que ainda eram consagrados eram Pedro Américo e Almeida Jr., sendo este considerado por Lobato o grande inventor da pintura nacional. A arte acadêmica era considerada superior e movimentos como cubismo, por exemplo, serviam apenas para caricatura. Futurismo, cubismo, impressionismo e tutti quanti não passam de outros tantos ramos de arte caricatural, exclamava Lobato. Inclusive o termo ‘impressionismo’ era utilizado a esmo, mesmo quando o movimento comentado se tratava d’outro, mostrando desinformação e desinteresse dos críticos. Diz Anita Malfatti, em depoimento à revista Salão de Maio, em 1939, que, ao retornar da Alemanha para o Brasil, “ninguém em sua casa queria saber de Van Gogh, Cézanne ou Kandinsky. Só perguntavam pela Mona Lisa e pelas glórias do Renascimento italiano” (GONÇALVES, 2012, p. 75). No século XXI, a famosa frase em exposições é “até eu faria isso”, e a nostalgia é grande quando comparam arte moderna e contemporânea com renascimento e declaram haver algum problema com a arte atual, reclamando dos artistas e suas obras, como Voltaire Schilling e seu discurso careta e sem estrutura, por volta de 2009. Formadores de opinião, os críticos levam as massas consigo e criam um exército de nostálgicos, incapazes de entender e apreciar seu estado presente.
Retornando à exposição de Malfatti, Oswald de Andrade, em breve
texto publicado peloJornal
do Comércio, responde para Monteiro Lobato da seguinte
maneira:
Possuidora de uma alta consciência do que faz, [...] a vibrante
artista não temeu levantar com os seus cinquenta trabalhos as mais
irritadas opiniões e as mais contrariantes hostilidades. Era natural que elas
surgissem no acanhamento da nossa vida artística. A impressão inicial que
produzem seus quadros é de originalidade e de diferente visão. As suas telas
chocam o preconceito fotográfico que geralmente se leva no espírito para as
nossas exposições de pintura. A sua arte é a negação da cópia, a ojeriza da
oleografia. (GONÇALVES, 2012, p. 109-110).
A preocupação na época era romper com o realismo, mas o medo do
novo predominava, assim como ainda predomina. O que mais entristece é ter
consciência que, apesar da facilidade de informação que possuímos atualmente,
temos um pequeno alcance de visão, nos mantendo assim amarrados e impedindo um
crescimento maior da nossa cultura.
Para quem interessar, deixo aqui o comentado artigo de Lobato e fico devendo o
de Oswald de Andrade.
Origens
A Semana de Arte antiga ocorreu
em uma época cheia de turbulências políticas, sociais, econômicas e culturais. As
novas vanguardas estéticas surgiam e o mundo se espantava com as novas linguagens
desprovidas de regras. Alvo de críticas e em parte ignorada, a Semana não foi
bem entendida em sua época. A Semana de Arte Moderna se encaixa no contexto da República
Velha (1889-1930),
controlada pelas oligarquias cafeeiras - as famílias quatrocentonas - e pela política do café com leite (1898-1930). O capitalismocrescia no Brasil,
consolidando a república e a elite paulista, esta totalmente influenciada pelos
padrões estéticos europeus mais tradicionais.
Seu objetivo era renovar o
ambiente artístico e cultural da cidade com "a perfeita demonstração do
que há em nosso meio em escultura, arquitetura, música e literatura sob o ponto
de vista rigorosamente atual", como informava o Correio Paulistano, órgão do partido governista
paulista, em 29 de
janeiro de 1922.
[editar]Vanguardas
europeias
A nova intelectualidade
brasileira dos anos 10-20 viu-se em um momento de necessidade de abandono dos
antigos ideais estéticos do século
XIX ainda em
moda no país. Havia algumas notícias sobre as experiências estéticas que
ocorriam na Europa no momento, mas ainda não se tinha certeza do que estava
acontecendo e quais seriam os rumos a se tomar.
O principal foco de
descontentamento com a ordem estética estabelecida se dava no campo da literatura (e da poesia, em
especial). Exemplares do futurismo italiano chegavam ao país e começavam a influenciar
alguns escritores, como Oswald de Andrade e Guilherme de Almeida.
A jovem pintora Anita
Malfatti voltava
da Europa trazendo a experiência das novas vanguardas, e em 1917 realiza a que foi chamada de primeira
exposição modernista brasileira, com influências do cubismo, expressionismo e futurismo. A exposição causa escândalo e é
alvo de duras críticas de Monteiro
Lobato, o que foi o estopim para que a Semana de Arte Moderna tivesse o
sucesso que, com o tempo, ganhou.
[editar]Antecedentes
Alguns eventos que direta ou
indiretamente motivaram a realização da Semana de 1922, mudando as atitudes dos
jovens artistas modernistas:
§ 1912. Oswald
de Andrade retorna
da Europa, impregnado do futurismo de Marinetti, e
afirmando que “estamos atrasados cinquenta anos em cultura, chafurdados ainda
em pleno parnasianismo”.
§ 1913. Lasar
Segall, pintor lituano, realiza
“a primeira exposição de pintura não acadêmica em nosso país”, nas palavras de Mário de Andrade.
§ 1914.
Primeira exposição de pintura de Anita
Malfatti, que retorna da Europa trazendo influências pós-impressionistas.
§ 1917. – Mário de Andrade e Oswald
de Andrade, os dois grandes líderes da primeira geração do modernismo brasileiro, se tornam amigos.
§ Publicação
de Há uma gota de sangue em
cada poema; livro de poemas de Mário de Andrade, que utilizou o pseudônimo Mário Sobral para assinar essa obra pacifista,
protestando contra a Primeira Guerra Mundial (1914-1918).
§ Publicação
de Moisés e Juca Mulato, poemas regionalistas de Menotti Del Pichia, que conseguem sucesso junto ao
público.
§ Publicação
de A cinza das horas, de Manuel
Bandeira.
§ O músico
francês DariusMilhaud, que vive no Rio de Janeiro e
entusiasma-se com maxixe, samba e os chorinhos de Ernesto
Nazareth, se encontra com Villa-Lobos. O então
jovem compositor, já impressionado com a descoberta de Stravinski, entra em contato com a moderna
música francesa.
§ Segunda
exposição de Anita
Malfatti, exibindo quadros expressionistas, criticados com dureza por Monteiro
Lobato, no artigo“Paranoia ou mistificação?”, publicado no jornal O Estado de S. Paulo, Esse
artigo é considerado o “estopim” de nossomodernismo, já que
provocou a união dos jovens artistas, levando-os a discutir a necessidade de
divulgar coletivamente o movimento.
§ 1919.
Publicação de Carnaval, de Manuel
Bandeira, já com versos livres.
§ 1921.
Banquete no Palácio Trianon, em
homenagem ao lançamento de As
máscaras, de Menotti Del Picchia, onde Oswald
de Andrade faz um
discurso, afirmando a chegada da revolução modernista em nosso país.
§ Exposições
de quadros de Vicente do Rego Monteiro, em Recife e no Rio de Janeiro, explorando a temática indígena brasileira.
§ Mostra de
desenhos e caricaturas de Di
Cavalcanti, denominada “Fantoches
da Meia-noite”, na cidade de São Paulo.
§ Oswald
de Andrade, Menotti Del Picchia, Cândido Mota Filho e Mário de Andrade divulgam
o modernismo, em revistas e jornais.
§ Mário de Andrade escreve a
série Os mestres do passado,
analisando esteticamente a poesia parnasiana que estava no auge da reputação
literária e mostrando a necessidade de superá-la, porque a sua missão já foi
cumprida.
§ Oswald
de Andrade publica
um artigo sobre os poemas de Mário de Andrade, intitulando-o “O meu poeta futurista”. A
partir de então, apesar da recusa de Mário de Andrade em
aceitar a designação, a palavra “futurismo” passa a ser utilizada
indiscriminadamente para toda e qualquer manifestação de comportamento
modernista, em tom na maioria das vezes pejorativo. Em contrapartida, os
modernistas.
Texto todo desconfigurado. Postado em 23.11.2012
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